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Dor Crônica

O que é Dor Crônica e como ela nos atinge?


"A dor crônica é uma dor que dura muito tempo."


Essa afirmação pode parecer óbvia, mas para chegarmos a esta conclusão foram muitos anos de estudos e centenas de consensos entre especialistas. E ainda há algumas divergências entre diversos profissionais!

Na medicina, a distinção entre dor aguda e dor crônica é determinada por um intervalo de tempo desde o seu início; os dois marcadores mais usados ​​são 3 MESES e 6 MESES desde o início, (Turk & Okifuji, 2001) embora alguns teóricos e pesquisadores tenham colocado a transição da dor aguda para a crônica aos 12 meses (Main & Spanswick, 2001). Outros utilizam o preceito de que a Dor Aguda é aquela que dura menos de 30 dias, Dor Crônica que se extende por mais de seis meses de duração e Dor Subaguda para dor que dura de 1 a 6 MESES (Thienhaus & Cole, 2002). Uma definição alternativa popular de dor crônica, que não envolve duração arbitrariamente fixa, é "dor que se estende além do período esperado de cura" (Turk & Okifuji, 2001).
A Dor Crônica e suas Implicações na Saúde

A Dor Crônica e suas Implicações na Saúde


Estudos epidemiológicos descobriram que 8% - 11,2% das pessoas em vários países têm dor crônica generalizada (Andrews et al., 2018).

A dor crônica pode se originar no corpo, ou no cérebro ou medula espinhal. Muitas vezes é difícil de tratar. Vários medicamentos não-opióides (aqueles que têm ação parecidos com a morfina) são recomendados inicialmente, dependendo se a dor tem origem em dano tecidual ou é neuropática (Tauben, 2015; Welsch et al., 2015). Tratamentos psicológicos incluindo Terapia Cognitiva Comportamental e Terapia de Aceitação e Comprometimento podem ser eficazes para melhorar a qualidade de vida naqueles com dor crônica.

Algumas pessoas com dor crônica podem se beneficiar do tratamento com opióides enquanto outras são prejudicadas (Reuben et al., 2015; Chou et al., 2015). Em pessoas com dor não-cancerígena, o uso de opióides só é recomendado se não houver histórico de doença mental ou história de uso abusivo de uso de substâncias e deve ser interrompido se não fornecer os efeitos desejados (Busse et al., 2017).

A dor crônica severa está associada ao aumento da mortalidade em 10 anos, particularmente por doenças cardíacas e respiratórias. Pessoas com dor crônica tendem a ter maiores índices de depressão (IsHak et al., 2018), ansiedade e distúrbios do sono; estas são correlações e muitas vezes não é claro qual fator causa outro.

A dor crônica pode contribuir para a diminuição da atividade física devido ao medo de exacerbar a dor, muitas vezes resultando em ganho de peso. Intensidade da dor, controle da dor e resiliência à dor são influenciados por diferentes níveis e tipos de apoio social que uma pessoa com dor crônica recebe.

A Dor Crônica no mundo

Uma revisão sistemática da literatura sobre dor crônica constatou que a prevalência da dor crônica variou em vários países de 8% a 55,2% da população, afetando as mulheres em uma taxa maior do que os homens, e que a dor crônica consome uma grande quantidade de recursos de saúde em todo o mundo (Harstall & Ospina, 2003; Andrews et al., 2018).
Uma pesquisa telefônica em larga escala em 15 países europeus e Israel, 19% dos entrevistados com mais de 18 anos de idade já sofriam de dor há mais de 6 meses, incluindo o último mês, e mais de duas vezes na última semana, com intensidade de dor de 5 ou mais para o último episódio, numa escala de 1 (sem dor) a 10 (o pior imaginável). 4839 desses entrevistados com dor crônica foram entrevistados em profundidade. Sessenta e seis por cento pontuaram sua intensidade de dor em moderada (5-7) e 34% em grave (8-10); 46% tinham dor constante, 56% intermitente; 49% tinham sofrido dor por 2-15 anos; e 21% tinham sido diagnosticados com depressão por causa da dor. Sessenta e um por cento estavam incapacitados ou menos capazes de trabalhar fora de casa, 19% tinham perdido um emprego e 13% tinham mudado de emprego devido à sua dor. Quarenta por cento tinham um manejo inadequado da dor e menos de 2% estavam consultando um especialista em manejo da dor (Breivik et al., 2006).

Nos Estados Unidos, a prevalência da dor crônica tem sido estimada em aproximadamente 35%, com aproximadamente 50 milhões de americanos com deficiência parcial ou total como consequência (Singh et al., 2020). Segundo o Institute of Medicine of the National Academies, há cerca de 116 milhões de americanos vivendo com dor crônica, o que sugere que aproximadamente metade dos adultos americanos tem alguma condição dolorosa crônica (Debono et al., 2013; Institute of Medicine of the National Academies Report, 2011). A estimativa do Mayday Fund de 70 milhões de americanos com dor crônica é um pouco mais conservadora (The Mayday Fund, 2009). Em um estudo na internet, a prevalência da dor crônica nos Estados Unidos foi calculada como sendo de 30,7% da população: 34,3% para as mulheres e 26,7% para os homens (Johannes et al., 2010).



Referências
Turk DC, Okifuji A (2001). "Pain terms and taxonomies". In Loeser D, Butler SH, Chapman JJ, Turk DC (eds.). Bonica's Management of Pain (3rd ed.). Lippincott Williams & Wilkins. pp. 18–25. ISBN 978-0-683-30462-6.
Main CJ, Spanswick CC (2001). Pain management: an interdisciplinary approach. Elsevier. p. 93. ISBN 978-0-443-05683-3.
Thienhaus O, Cole BE (2002). "Classification of pain". In Weiner RS (ed.). Pain management: A practical guide for clinicians (6 ed.). American Academy of Pain Management. ISBN 978-0-8493-0926-7.
Andrews P, Steultjens M, Riskowski J (January 2018). "Chronic widespread pain prevalence in the general population: A systematic review". European Journal of Pain. 22 (1): 5–18.
Tauben D (May 2015). "Nonopioid medications for pain". Physical Medicine and Rehabilitation Clinics of North America. 26 (2): 219–48
Welsch P, Sommer C, Schiltenwolf M, Häuser W (February 2015). "[Opioids in chronic noncancer pain-are opioids superior to nonopioid analgesics? A systematic review and meta-analysis of efficacy, tolerability and safety in randomized head-to-head comparisons of opioids versus nonopioid analgesics of at least four week's duration]". Schmerz (in German). 29 (1): 85–95.
Reuben DB, Alvanzo AA, Ashikaga T, Bogat GA, Callahan CM, Ruffing V, Steffens DC (February 2015). "National Institutes of Health Pathways to Prevention Workshop: the role of opioids in the treatment of chronic pain". Annals of Internal Medicine. 162 (4): 295–300.
Chou R, Turner JA, Devine EB, Hansen RN, Sullivan SD, Blazina I, et al. (February 2015). "The effectiveness and risks of long-term opioid therapy for chronic pain: a systematic review for a National Institutes of Health Pathways to Prevention Workshop". Annals of Internal Medicine. 162 (4): 276–86
Busse JW, Craigie S, Juurlink DN, Buckley DN, Wang L, Couban RJ, et al. (May 2017). "Guideline for opioid therapy and chronic noncancer pain". CMAJ. 189 (18): E659–E666
IsHak WW, Wen RY, Naghdechi L, Vanle B, Dang J, Knosp M, et al. (2018). "Pain and Depression: A Systematic Review". Harvard Review of Psychiatry. 26 (6): 352–363.
Harstall C, Ospina M (June 2003). "How Prevalent Is Chronic Pain?". Pain Clinical Updates. International Association for the Study of Pain. XI (2): 1–4.
Breivik H, Collett B, Ventafridda V, Cohen R, Gallacher D (May 2006). "Survey of chronic pain in Europe: prevalence, impact on daily life, and treatment". European Journal of Pain. 10 (4): 287–333.
Singh MK, Patel J, Gallagher RM. Chronic Pain Syndrome. MEDSCAPE, https://emedicine.medscape.com/article/310834-overview. Visto em 11/04/2020
Debono DJ, Hoeksema LJ, Hobbs RD (August 2013). "Caring for patients with chronic pain: pearls and pitfalls". The Journal of the American Osteopathic Association. 113 (8): 620–7.
Institute of Medicine of the National Academies Report (2011). Relieving Pain in America: A Blueprint for Transforming Prevention, Care, Education, and Research. Washington DC: The National Academies Press
A Call to Revolutionize Chronic Pain Care in America: An Opportunity in Health Care Reform. The Mayday Fund. 2009
Johannes CB, Le TK, Zhou X, Johnston JA, Dworkin RH (November 2010). "The prevalence of chronic pain in United States adults: results of an Internet-based survey". The Journal of Pain. 11 (11): 1230–9.
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