Termografia por Infravermelho na Profilaxia e Manejo das Lesões Causadas pelo Diabetes Mellitus
O Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica caracterizada por hiperglicemia com distúrbios do metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas resultantes de defeitos na secreção de insulina, ação da insulina, ou ambos (American Diabetes Association, 2010). Há uma predominância global da doença alimentada pelo envelhecimento da população, dieta pobre e a concomitante epidemia de obesidade, sedentarismo e ambiente anti-higiênico (Boutayeb et al., 2004; Barbara & Jeffrey, 2000).
A American Diabetes Association (ADA), a European Association for the Study of Diabetes (EASD) e a International Diabetes Federation criaram um comitê internacional de especialistas, que recomendou que o HbA1c fosse o teste preferido ("padrão ouro") para o acompanhamento do diabetes. Os critérios diagnósticos para a doença foi estabelecido como superior a HbA1c de 6,5 % (7,7 mmol L-1) (American Diabetes Association, 2011; Mohan et al., 2010).
A temperatura é um indicador vital e útil de vários doenças
Houve um ressurgimento do interesse pela utilização da Termografia por Infravermelho (Infrared Thermography - TRI) na medicina frente às melhorias na tecnologia das câmeras que capturam a radiação térmica natural emitida por qualquer objeto acima do zero absoluto e a diminuição do custo de compra destes equipamentos, anteriormente quase inacessível para os profissionais em geral (Jones & Plassmann, 2002; Gulyaev et al., 1995).
As imagens infravermelhas permitem a representação da distribuição térmica da superfície do corpo, a qual depende das complexas relações e processos de troca de calor entre a pele-peio externo, pele-meio interno, rede de vasos sanguíneos e atividade metabólica (Kakuta et al., 2002).Esta modalidade de imagem fornece informações funcionais que não são medidas facilmente por qualquer outro método não-invasivo (Diakides, 1998), pois capta passivamente o calor radiante emitido a partir do corpo humano. Portanto é livre de riscos, relativamente barato e pode ser prontamente utilizado como coadjuvante para os outros métodos de imagem padrão (Harding, 1998).
Saiba mais sobre o que é PÉ DIABÉTICO clicando AQUI
A temperatura é um indicador vital e útil de vários doenças
(Ring, 2012)
Houve um ressurgimento do interesse pela utilização da Termografia por Infravermelho (Infrared Thermography - TRI) na medicina frente às melhorias na tecnologia das câmeras que capturam a radiação térmica natural emitida por qualquer objeto acima do zero absoluto e a diminuição do custo de compra destes equipamentos, anteriormente quase inacessível para os profissionais em geral (Jones & Plassmann, 2002; Gulyaev et al., 1995).
As imagens infravermelhas permitem a representação da distribuição térmica da superfície do corpo, a qual depende das complexas relações e processos de troca de calor entre a pele-peio externo, pele-meio interno, rede de vasos sanguíneos e atividade metabólica (Kakuta et al., 2002).Esta modalidade de imagem fornece informações funcionais que não são medidas facilmente por qualquer outro método não-invasivo (Diakides, 1998), pois capta passivamente o calor radiante emitido a partir do corpo humano. Portanto é livre de riscos, relativamente barato e pode ser prontamente utilizado como coadjuvante para os outros métodos de imagem padrão (Harding, 1998).
As complicações afetando os membros inferiores são as manifestações mais comuns do diabetes (Al-Maskari & El-Sadig, 2007; Anjana et al.., 2011); as imagens obtidas pela Termografia Digital por Infravermelho de Alta Definição proporcionam o nível preciso de amputação a ser realizada e, assim, previnem reamputação, como visto nos métodos convencionais (Sivanandam et al., 2012).
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Diagnóstico e Seguimento da Polineuropatia Diabética Periférica
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul liderado pela Dra Luciane Fachin Balbinot (médica fisiatra, eletroneuromiografista e termologista) verificaram que a Termografia Plantar mostra-se útil no diagnóstico precoce da neuropatia diabética, particularmente as fibras finas e autonômicas - que são comumente associadas a uma condição subclínica.
O estudo intitulado "Plantar thermography is useful in the early diagnosis of diabetic neuropathy" ("Termografia Plantar é útil no diagnóstico precoce da neuropatia diabética" - tradução livre) estudou 79 participantes (de 19 a 79 anos) divididos em 3 grupos:
- controle: 37 participantes
- pré-diabéticos: 13 participantes
- diabéticos tipo 2: 29 participantes
Leia o artigo "Plantar thermography is useful in the early diagnosis of diabetic neuropathy" da Dra Luciae Balbinot na íntegra clicando AQUI
A neuropatia periférica é uma complicação comum em diabetes mellitus (DM) que leva a uma grave incapacidade funcional; entretanto, sua avaliação não foi padronizada (Dick, 1988; Kahn, 1992; Thomas, 1997; Boulton, 1998).
A eletroneuromiografia com avaliação da condução nervosa é o exame neurofisiológico que confirma a polineuropatia simétrica distal típica do diabetes, sendo o protocolo padrão na maioria dos centros especializados em neuropatia (Perkins & Bril, 2003; Tesfaye et al., 2010; Claus et al., 2003; American Diabetes Association (ADA) Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus, 2012).
Entretanto, o exame ELETRONEUROFISIOLÓGICO NÃO AVALIA FIBRAS FINAS, é minimamente invasivo, requer perícia e é demorado (England et al., 2009; Perkins et al., 2003).Os aspectos clínicos, incluindo inventários validados, são valorizados em centros especializados em diabetes; entretanto, o rastreamento de casos subclínicos tem baixa sensibilidade, como demonstrado pela ausência de sintomas ou sinais de polineuropatia simétrica distal.
A Neuropatia de Fibras Finas pode ocorrer em qualquer estágio do diabetes, inclusive durante o pré-diabetes. MUITAS VEZES É DOLOROSO, MESMO NA AUSÊNCIA DE ANORMALIDADES, que são medidas através de testes neurofisiológicos padrão convencionais.A discrepância entre a apresentação clínica e os resultados dos exames pode retardar o diagnóstico correto e o tratamento adequado (Claus et al., 1993; Boulton et al., 1995;Boulton et al., 2010; Santiago et al., 2000). Muitos métodos diagnósticos podem avaliar fibras finas; entretanto, nenhum teste isolado pode fazer esse diagnóstico. Recomenda-se uma bateria de testes sensíveis, reprodutíveis e específicos cobrindo os sistemas somático e autonômico (England et al., 2009; Boulton et al., 2010; Santiago et al., 2000). Estes testes incluem monitoramento cardiovascular, testes sudomotores, respostas pupilares, testes sensoriais quantitativos, potenciais evocados a laser e termografia (Santiago et al., 2000). O uso dessas técnicas tem se mostrado útil não só para diagnóstico, mas também para orientar a terapia adequada e otimizar o acompanhamento.
NO PACIENTE DIABÉTICO, a alteração da reatividade vascular nas extremidades, especialmente nos pés, pode ser indicativa de neuropatia autonômica.Obtenha mais detalhes sobre a Polineuropatia Diabética clicando AQUI
Como o tônus vasomotor é regulado por fibras do sistema neurovegetativo simpático, sua disfunção pode estar associada a padrões variáveis de temperatura (Fushimi et al., 1996; Langer et al., 1972; Sundkvist et al., 1986; Zooter et al., 2003). A degeneração do nervo simpático neurovegetativo periférico em neuropatia avançada prejudica os mecanismos de controle neurogênico que regulam o fluxo de shunt capilar e arteriovenoso (AV), o que leva a um aumento do shunt AV nos pés de pacientes com neuropatia diabética (Uematsu et al., 1998; Flynn & Tooke, 1990; Vinik et al., 2003). Estes shunts são mantidos no estado de constrição pelo tônus simpático neurovegetativo. A perda deste tom por causa da neuropatia simpática resulta na abertura do shunt e no desvio do fluxo sanguíneo da pele (Uematsu et al., 1998; Flynn & Tooke, 1990; Vinik et al., 2003).
Devido à grande vulnerabilidade que as fibras neurológicas finas têm às alterações metabólicas associadas à hiperglicemia, LESÕES NESSAS FIBRAS PODEM SE APRESENTAR PRECOCEMENTE E COM ALTERAÇÕES MENOS MARCANTES QUE AS NEUROPATIAS SENSÓRIO-MOTORAS (Albers et al., 2007; Ewing et al., 1973).As principais manifestações da neuropatia de fibras finas são DOR e QUEIMAÇÃO nos pés e ALTERAÇÃO DA SENSIBILIDADE TÉRMICA E DOLOROSA. A sensibilidade epicrítica e proprioceptiva é normal, assim como os reflexos osteomusculares (Stojkovic, 2006)
Embora as neuropatias diabéticas sejam classificadas como COMPLICAÇÕES VASCULARES DO DIABETES, sabe-se hoje que seu mecanismo fisiopatológico é multifatorial, e há evidências suficientes de que a polineuropatia de fibras finas e mesmo a neuropatia autonômica cardíaca podem preceder o diabetes (ou seja, durante a condição pré-diabética) (Ewing & Clark, 1991; Vinik, 2005; Vinik e tal., 2003; Valensi et al., 2003).
Referências:
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A. Boutayeb, E.H. Twizell, K. Achouayb, K. Chetouani, A mathematical model for the burden of diabetes and its complications. Biomed. Eng. Online 3, 20 (2004)
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Diagnóstico e Seguimento da Neuropatia Periférica por Termografia por Infravermelho
A TERMOdiagnose Itu/SP oferece a avaliação diagnóstica da neuropatia diabética (dolorosa ou não) e o seguimento durante o tratamento através da Termografia Digital por Infravermelho de Alta Definição.